“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco." Clarice Lispector
Há alguns dias comecei a me olhar no espelho da minha consciência, da minha ciência. E entre as tristes divagações me encontro, e, algumas vezes, me perco no insondável que vaga em mim. Revirei minha infância tão doce e simples, mas com marcas profundas, algumas na memória, outras nas histórias que ouço.
O lamentável episódio da raposa louca que tenta devorar uma criancinha de onze meses, faz parte da minha biografia. Mas felizmente, existem heróis, e um deles me salvou, matou o bicho feroz a machadadas. A mesma criança que se livrou da raposa não conseguiu se salvar dos hospitais, dos exames, da cadeira, dos olhares curiosos. Penso que tal bicho deve ter deixado algum gene que aos poucos me transformou em ET. Porém, um Et bem esperto, como todo alienígena que se prese. Vivo minha estranha lucidez: a de quem fala e a de quem cala; a de quem luta e da de quem desiste, a de quem sabe a si mesmo pequena e gigante "na inutilidade da vida" .
"Quem luta não perde tudo. Perde quem fica de braços cruzados.
Quem luta deixa, pelo menos, exemplo a ser seguido."
Há alguns dias comecei a me olhar no espelho da minha consciência, da minha ciência. E entre as tristes divagações me encontro, e, algumas vezes, me perco no insondável que vaga em mim. Revirei minha infância tão doce e simples, mas com marcas profundas, algumas na memória, outras nas histórias que ouço.
O lamentável episódio da raposa louca que tenta devorar uma criancinha de onze meses, faz parte da minha biografia. Mas felizmente, existem heróis, e um deles me salvou, matou o bicho feroz a machadadas. A mesma criança que se livrou da raposa não conseguiu se salvar dos hospitais, dos exames, da cadeira, dos olhares curiosos. Penso que tal bicho deve ter deixado algum gene que aos poucos me transformou em ET. Porém, um Et bem esperto, como todo alienígena que se prese. Vivo minha estranha lucidez: a de quem fala e a de quem cala; a de quem luta e da de quem desiste, a de quem sabe a si mesmo pequena e gigante "na inutilidade da vida" .
"Quem luta não perde tudo. Perde quem fica de braços cruzados.
Quem luta deixa, pelo menos, exemplo a ser seguido."
6 comentários:
Um lindo texto! Bonito ao ponto de se for retirado o nome de Clarice não dá para saber onde termina o texto dela e começa o seu. Continuou a beleza e a força das palavras - marca registrada de Clarice. Parabéns!
Que texto! Pra mim é o melhor seu que já li, pq vejo algo de biográfico sem revelar. E concordo com o comentário acima, os dois textos estão perfeitamente harmônicos! Bjão
Semelhanças entre teu texto e meu "passado". Esta revisão do que já foi vivido. Claro,olhar para a frente. Sempre.
Beijo.
É preciso acreditar...
então vamos à luta
Seu belo texto fala à alma com as palavras que somente ela conhece. Belo e inteligente! Poético abraço de Gilbamar.
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