29 de julho de 2012

Éle Semog

Olha só o que encontrei hoje no Facebook:






Só para desfazer o engano e para não desmerecer nossos poetas...Éle Semog (Luis Carlos Amaral Gomes) é brasileiro do Rio de Janeiro, e não angolano. E o nome do poema é "Ponto Histórico".
Vamos tentar desfazer os nós literários que circula na internet. PARA SABER MAIS SOBRE O AUTOR.


16 de julho de 2012

Pedido de desculpas


Meus amigos, queridos leitores...

Ando sumida, não é mesmo?! Pelo desculpas por isso.
No entanto, tenho muitos motivos para me ausentar, entre eles, tem a pós-graduação que tem exigido algumas leituras, bem diferentes das de literatura, acabei conseguindo uma vaguinha (passei numa seleção pública) numa especialização voltada para educação. Antes disso, tive que ler muito para escrever o projeto, estudar para um concurso, para o qual espero ser chamada, e agora me meti em mais cofusão rsrsrsrs participei de uma seleção para realização de um projeto em minha cidade, este sim, voltado para literatura, e foi aprovado. 
Agora terei que me ausentar mais ainda...os livros me espeam na prateleira, vez ou outra tiro um do lugar, sinto o cheiro, como diz minha amiga Lindy; abro as páginas e vejo aquelas letrinhas fazendo algazarra; leio mais uma página, leio uma poesia; mas não vou muito além. eles me entedem...
Dizem que a mulher faz um monte de "coisas" em cima do salto alto, pois eu, faço em cima da cadeira de rodas...claro que conto com a ajudinha de uns anjos que Deus me deu de presente. 
Mas sempre que possível quero postar alguma coisa legal. E assim que tiver uma folguinha vou fazer uma visita aos blogues dos amigos e seguidores...Saudades!!!

Paula.

8 de julho de 2012

Consumismo faz pessoas lerem sem pensar, diz educadora colombiana


As estimativas mais recentes da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre a qualidade do ensino na Colômbia indicam que praticamente 100% dos jovens e adultos do país estão alfabetizados e que quase 15% do orçamento do governo é destinado para o aprimoramento de instituições públicas de ensino.
Para muitos brasileiros que ainda lutam para convencer o governo a converter o equivalente a 10% do PIB em recursos para o ensino público, isso seria considerado um grande exemplo a ser seguido. Para a educadora colombiana Silvia Castrillón, contudo, isso não quer dizer absolutamente nada.
Um dos nomes mais importantes em políticas públicas de apoio à leitura e à escrita na América Latina, ela revelou ao Opera Mundi que a maioria das estatísticas feitas sobre a educação do continente não demonstram nada além da hegemonia de um modelo produtivista de ensino e leitura.

Opera Mundi - Por que há cada vez mais pessoas lendo mais rapidamente quantidades maiores de livros?

Silvia Castrillón -
Essa é uma resposta à sociedade de consumo e de mercado. Trata-se de uma mercantilização do livro, de um consumismo acrítico infelizmente aliado a políticas públicas de leitura. É um modelo social de mercado no qual as palavras acabam sendo cooptadas por um pensamento hegemônico.
Na América Latina, por exemplo, as estatísticas são feitas sobre o número de livros e não mensuradas de acordo com práticas de leitura. O critério acaba sendo o consumo de livros, a quantidade de volumes por habitante e por ano que consome um país.
Com esses números, autoridades pensam que medem a qualidade da educação e do acesso à literatura. Na realidade, o que medem é o consumo, a compra. Nesses questionários a palavra é quase sempre “quanto”. “Quantos livros tem em sua casa?” e “Quantos livros já leu esse ano?”, a literatura se quantifica. São desconsiderados, portanto, fatores como tipo de leitura, qualidade de leitura e sentido de leitura.

OM - O que podemos esperar dos livros em tempos de imediatismo?

SC -
Uma de minhas críticas é justamente que as escolas não oferecem qualquer possibilidade de silêncio e de contemplação. O silêncio é extremamente necessário após a leitura de um poema, por exemplo. É preciso dar tempo para esse diálogo interior. Mas, nas escolas, isso não existe, todas estão lotadas de atividades. Torna-se impossível a meditação ou a introspecção.
Há também muito temor entre os adultos sobre o que as crianças podem estar pensando. Então a mente dos jovens acaba sendo colonizada com a ideia de que não há tempo a perder, de que tempo é ouro. Isso não é nada além de um modelo produtivista.

OM – Você já chegou a afirmar que “não há uma crise da leitura, mas sim uma crise do leitor”. Você ainda acredita nessa tese?

SC -
Eu acredito que agora se lê muito mais. As crianças, por exemplo, leem muito. A maioria já leu toda a série de Harry Potter, que é composta de livros com mais de 400 páginas. Há 20 anos, isso não ocorria.
Tudo isso, contudo, faz parte de uma lógica pragmática e lucrativa. A finalidade é quase sempre a simples informação ou a evasão da realidade. Ou seja, não é mais a leitura em si que está em crise, mas sim o modo de ler. O que eu acredito que perdeu sentido na sociedade é a busca de significação, a possibilidade de indagar-se sobre si mesmo e sobre os que estão a sua volta.
Há dez anos participei de uma mesa redonda com o sociólogo espanhol Gil Calvo, que argumenta que já não lemos mais como destino, mas sim como desocupação, como retiro. De alguma forma, a leitura era antes uma forma de questionar o passado e de construir um futuro individual ou coletivo. Agora não. Agora não se lê mais para saber no que se quer acreditar.
O que há é a leitura de aplicação prática e imediata, necessária para incutir nos jovens as competências de um trabalho pragmático e de uma cidadania acrítica.
OM - Em países emergentes, fala-se muito em “investir em educação” como forma de sustentar taxas de crescimento econômico. É esse o modelo de ensino que esses novos núcleos de poder geopolítico deveriam trazer consigo?

SC -
 Quando se relaciona educação com desenvolvimento econômico, quase sempre surge o pragmatismo da indústria. Trata-se tanto de um modo de alcançar a competitividade entre indivíduos quanto entre países.
Está na moda dizer que é necessário investir na educação para o desenvolvimento econômico. E não só em países em desenvolvimento como China, Brasil e Índia, mas também em nações pobres, como a Colômbia. O Estado até promove esses recursos, mas sem deixar de convocar o setor privado. E quando o setor privado aplica na educação, surgem investimentos, a meu ver, perversos.
Na Colômbia, por exemplo, o setor privado investe em educação dando bolsas de estudo das universidades mais elitistas do país a jovens mais pobres de melhor qualificação acadêmica. Tiram, assim, possíveis líderes de transformações de suas comunidades. Não sei se o Estado percebe o que isso significa. Não sei o que pode ser mais maquiavélico do que tirar dos setores populares suas maiores inteligências sociais.

OM - Como você vê a educação pública no Brasil?

SC -
 Há uma certa diferença na educação no Brasil e na Colômbia. Creio que aqui há uma maior noção de ensino público. Aqui as universidades não só são públicas como também são boas e gratuitas. Os brasileiros têm ao menos a possibilidade de estudar sem pagar nada.
Na Colômbia, não há nenhuma universidade gratuita. Nem mesmo as públicas. Somos obrigados a pagar matrículas e outras taxas, algo próximo do modelo universitário norte-americano. Trata-se de um nível tão baixo de educação, que não há nada que possamos recuperar. Ainda precisamos tentar construir essa educação pública que não possuímos.

OM – É possível ensinar a uma criança o prazer pela leitura?

SC -
 É muito fácil. É só ter vontade. A maioria dos adultos e dos professores está sempre dizendo que as crianças não gostam de ler e que é necessário entregá-las coisas mais velozes, do mundo do entretenimento. O que ocorre é que eles acabam definindo de antemão quais são os interesses das crianças. Cria-se um determinismo, um preconceito. Isso é renunciar às esperanças no ensino.
As escolas podem parar de falar que tudo está perdido e começar a oferecer uma leitura lúdica e divertida. Creio que quando um professor é um bom leitor, apaixonado pela boa literatura ele é capaz de se colocar como testemunha e não como exemplo. O bom professor tem sensibilidade para ouvir e compartilhar suas experiências com seus alunos.

OM - Quais foram as consequências dos oito anos de governo de Álvaro Uribe para a educação colombiana?

SC -
 Não posso dizer desastroso porque é impossível ser pior do que estava antes. Não houve uma mudança significativa sequer. Na Colômbia, não se pode negar que o acesso às escolas aumentou. Mas, a questão é: entrar na escola para fazer o quê? A educação em meu país ainda é de qualidade muito baixa e segue modelos pragmáticos e utilitaristas. Falam em formar a “autonomia” do aluno, mas isso é, na realidade, formar o egoísmo.
Também não crio muitas expectativas com relação ao governo de Juan Manuel dos Santos. Na realidade, acredito que as mudanças não ocorrem de cima para baixo, mas sim a partir das bases. São os professores em sala de aula, ao lado de organizações sociais, que podem alcançar algumas transformações.

Fonte: Opera mundi