Começo fazendo algo comum em suas crônicas: perguntas.
Você é algum mago, bruxo, ou coisa assim? É cozinheiro? Alquimista?
Quero algo que me explique o fascínio que exerceu sobre mim o teu livro A invenção do Artista. Com esse seu jeito de menino curioso, tagarela, e extremamente meigo e sedutor, tomou-me para ti como se fosse um dos meus sobrinhos: exigiu atenção exclusiva, tive que ser sua, ouvir suas histórias, responder suas perguntas, me empolgar com suas respostas... Sentir teus sabores.
Falando em sabores, como conseguiu colocar gosto nas palavras? E nas histórias?
Isso é bruxaria pura... Ou é mágica...
Senti gosto de menino perguntador; gosto de O pequeno príncipe; gosto de Luiz Fernando Veríssimo; gosto de “lorota”; mas também, gosto de criança malvada que mata passarinho, lagartixa; gosto de anjinho sem vida, sem futuro; gosto de sonho, de saudade e de faculdade... Gosto de Meu pé de laranja lima.
Outra coisa, você é um menino muito “perguntador”, quer saber tanta coisa. Coisa que não sei. Coisa que ainda não pensei. Outras coisas imagino, mas não sei se é certo. E se eu tiver resposta para todas as tuas perguntas, o que acontecerá? Ganho um chocolate, um tiro ou uma camisa de força? Às vezes é bom saber, às vezes dá medo...
Não me leve a mal, mas sempre achei que física era coisa de doido. E sempre achei que literatura era coisa de gente “sabida”. Mas você misturou tudo, virou café com leite, não dá para separar. Será que lendo seu livro vou virar uma sabida doida, ou uma doida sabida? (risos)
Calma aí, a escrita menino virou, num passe de mágica, reflexão, contestação, ciência e consciência, é um autor homem-maduro que agora, se pôs a escrever na mão do menino perguntador.
Que tinta é essa que usa para escrever nas páginas do teu livro?
Olha o cheiro que sai das folhas: cheiro de livro aberto, cheiro de pensamento na cabeça, de ideia virando coisa, cheiro de lâmpada sendo ligada. Como conseguiu esses odores? Será que não foi coisa do gato?
Não gosto de gato, eles me olham estranho, ainda mais gato que fala. Às vezes, finjo para meus sobrinhos que gatos falam, e faço a voz do gato. O gato de botas... Agora vou pensar no seu gato Descartes. Um momento! Tire-me uma dúvida: penso por que existo, ou existo por que penso? Eis a velha indagação...
Mas indagar é necessário, como necessário é respirar.
Com sua escrita voltada para as inquietações filosóficas e cientificas, parei vários momentos a leitura para pensar sobre a lógica das coisas e parafusos, das pessoas, do mundo...
Neste momento, estou na calçada de uma casa, numa cidadezinha desconhecida, que devido a um pequeno riacho, brotou no sertão baiano. O vento sopra meus cabelos desalinhando todo o penteado milimetricamente planejado, os pardais sentados no fio de alta tensão cantam, pessoas passam conversando, me olhando com sua costumeira curiosidade, o que ela tanto ler? O que escreve?
Estou pensando... Pensando nessa alquimia perfeita do universo, onde estranhamente supomos ser únicos. Pensando e repensando-me enquanto ser, sujeito agente e paciente nesse hibrido social, motivada pelo A invenção do Artista de Valmir Henrique de Araújo. Esse foi o fruto da primeira impressão, de uma leitura cheia de prazer, sem muito pensar, sem analises, sem teorias e teóricos, aqui consta a visão da menina (risos) que corre empolgada para descobri o que se esconde por entre vocábulos e frases. O fruto de quem ambiciona um dia ser estudiosa literária, com todo o conhecimento necessário, as teorias e teóricos para subsidiar o dito, bem como a visão da águia para bisbilhotar as entrelinhas, poderá ser mais lento.
TAMBÉM RECOMENDO A LEITURA!!
Paula Ivony Laranjeira
Para contatos com o autor, compra do livro, ou para conhecer as outras obras de Valmir Henrique de Araújo entre em contato pelo e-mail: valmirboaideia@yahoo.com.br
Valmir Henrique de Araújo possui graduação em Licenciatura em Física pela Universidade Católica de Pernambuco (1992), mestrado em Tecnologias Energéticas Nucleares pela Universidade Federal de Pernambuco (1995) e doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa: estratégia e produção do conhecimento.(2009). Atualmente é professor Assistente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Ganhador de vários prêmios.
Livros publicados: A ERA DOS PASSAROS SUADOS (1996), BUSCAPÉ (1997), DOCE SONHO PONTUAL (1997) e A INVENÇÃO DO ARTISTA (2005).