7 de abril de 2009

Aleilton Fonseca



Por Paula Ivony Laranjeira

Vive-se em uma sociedade onde há uma grande valorização do cânone literário, o que provoca uma indiferença para com autores e obras produzidos e lançados fora de um determinado eixo cultural. E quando são analisados servem de foco a questões regionais, de gênero e outras que salientam seu caráter minoritário. Este tem sido muitas vezes, o objetivo de estudo nos autores baianos. Sabe-se, entretanto, que a Bahia é um enorme celeiro cultural, e que como tal apresenta uma vasta gama literária. Assim, a literatura brasileira não pode ser descrita e compreendida sem a devida atenção à produção baiana, já que a mesma faz parte da história litero/cultural do país, trabalhando para a edificação de um estilo próprio, onde as várias tendências se misturam, onde clássico e pós-moderno não se excluem. De Gregório de Matos a João Ubaldo Ribeiro muitos nomes tem sido negligenciados pela historiografia e pela crítica.

Figura atualmente como nome de destaque Aleilton Fonseca, autor de vários livros, crítico e professor universitário, que vem mostrando paulatinamente a genialidade do baiano, muitas vezes, desvalorizado em seu próprio Estado. Com uma escrita simples e ao mesmo tempo regrada pelo primor estilístico, ele traz como temática constante a morte e a memória, que inseridas em narrativas do cotidiano, se tornam experiência para aquele que o ler.

Aleilton Fonseca mostra-se muito eclético em suas obras literárias, fato perceptível quando se observa o acervo de suas produções, o qual é composto por: Movimento de sondagem (poesia), O espelho da consciência (poesia), Teoria particular (mas nem tanto) do poema (poesia), Enredo romântico, musica no fundo (ensaio), Jaú dos bois e outros contos (contos), O canto de Alvorada (contos), O desterro dos mortos (contos) e recentemente Nhô Guimarães (romance) e As Forma do Barro e outros poemas (poesia). Co-organizou os livros Oitenta: Poesia e Prosa (1996), Rotas & Imagens: Literatura e Outras Viagens (2000) e O Triunfo de Sosígenes Costa (2004). Recebeu, entre outros, o Prêmio Nacional Herberto Sales (ALB-BA, 2001) e o Prêmio Marcos Almir Madeira (UBE-RJ, 2005).

"Motivo


calar é ceder à morte
sob o gume da automordaça

o grito é o sangue da vida,
dardo do espírito inquieto

por isso
(meu) grito!
júbilo ou/e dor

sei que eles despedaçam silêncios,
abarrotam vazios e conquistam rumos
que nunca seriam devassados
não fosse sua viagem no tempo

sobretudo
têm o condão de ressuscitar
fragmentos de mim
porventura tombados nalgum combate
oculto nas moitas do tempo"

- Aleilton Fonseca-


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