No site da Associação Brasileira de Educação Musical discute-se, a partir do ponto de vista de dois especialista, os pós e os contra da implantação da lei.
"PRÓ >
O Brasil possui uma riqueza cultural e
artística que precisa ser incorporada, de fato, no seu projeto
educacional. Isso só acontecerá se escola e espaços que trabalham com
educação começarem a valorizar e incorporar, também, conteúdos e formas
culturais presentes na diversidade da textura social. Portanto, sou a
favor da Lei e, obviamente de seu cumprimento, mesmo reconhecendo que
levará tempo para que se possa, de fato, termos o ensino de Música nos
Projetos Pedagógicos das Escolas. Não há professores suficientes para
essa implementação. O MEC vem investindo em capacitação para
professores da Educação Básica, para reverter o quadro geral e sofrível
das estatísticas baixas em termo de desempenho, em todas as áreas.
Trata-se de um momento importante para se pensar em projetos
educacionais inovadores e condizentes com nosso tempo. O ensino das
Artes incorporado em projetos dessa natureza vem ao encontro de
propostas inovadoras, em que a expressão cultural e artísticas são
reconhecidas como dimensões insubstituíveis e, portanto, únicas nos
sentido de promover o desenvolvimento humano. A proposta que
preconizamos não fecha em conteúdos pré-estabelecidos, mas antes,
reconhece que a diversidade cultural deve ser considerada ao se elaborar
os projetos. Isso significa que os valores simbólicos das culturas
locais devem estar presentes juntamente com aqueles conhecimentos que
fazem parte do patrimônio musical que é um legado da humanidade. Dessa
forma, a Lei favorece que se abra esse espaço tanto para uma discussão
sobre o que se pode fazer para melhorar a educação brasileira como,
também, possibilita que se planeje essa inserção no sistema educacional
brasileiro. Isso está ligado ao exercício da cidadania cultural, um
direito de todo brasileiro e, a escola é, ainda, o único espaço
garantido constitucionalmente de acesso a toda a população. Nesse
sentido é que as práticas musicais se mostram como um fator
potencialmente favorável para a transformação social dos grupos e
indivíduos. Poder contar com seus valores musicais no processo
pedagógico-musical pode se tornar um ponto significativo para um
trabalho de ampliação do status de “ser músico” ou de participar de um
grupo musical.
Prof. Dra. Magali Oliveira Kleber:
Doutora em Educação Musical, Professora Adjunta da Universidade
Estadual de Londrina e Presidente da Associação Brasileira de Educação
Musical- ABEM.
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CONTRA >
Com a reforma educacional empreendida pelo regime militar nos 1970
(Lei 5.692/71), o ensino de música de 1º e 2º graus, gradativamente
deixa de existir. O ensino de arte, sob a denominação de educação
artística, passa a ser componente curricular obrigatório e, no caso de
São Paulo, será considerada como atividade e não como área de estudo ou
disciplina. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
a denominação de educação artística muda para ensino de arte e
continua sendo um componente curricular obrigatório em toda a educação
básica. Na sequência, o MEC divulga os Parâmetros Curriculares para o
Ensino de Arte, contemplando as linguagens de Artes Visuais, Teatro,
Música e Dança. Paralelamente inicia-se um processo de encerramento dos
cursos de educação artística, criados para formar professores
multidisciplinares; e a criação de cursos especializados em uma das
linguagens, uma delas educação musical. Como a maior parte dos
professores é habilitada em Educação Artística com especialização em
Artes Plásticas ou Visuais, na prática as outras linguagens não
aparecem no currículo escolar. O quadro começa a mudar a partir de
2008, quando a Lei Federal nº 11.769 inclui um parágrafo 6º que torna
conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de música no
componente curricular ensino de arte, previsto no § 2º do artigo 26 da
LDB de 1996. A questão a ser enfrentada, a partir desse momento é a da
formação de professores especializados para o ensino de Música. Tarefa
que levará algum tempo, muito mais que os três anos estabelecidos pela
legislação, tendo em vista serem poucos os cursos de licenciatura em
Música no Brasil. Para que se tenha clareza sobre a dimensão do
problema, basta mencionar que só na rede pública estadual paulista
existem mais de 5.000 escolas, acrescente-se a esse universo as redes
municipais e as escolas particulares e a questão da formação de
professores especializados em Música torna-se mais complexa ainda. O
vice-presidente da República, ao vetar o parágrafo único do art. 62 da
LDB, criou uma lacuna, que a meu ver, precisa ser suprida pelos
Conselhos Estaduais de Educação. O papel do poder público não é apenas
normativo, mas deve criar programas para habilitar professores para o
ensino de música na educação básica, como, aliás, está previsto pela
legislação educacional.
Prof. Dr. João Cardoso Palma Filho: Doutor
em Educação e membro do Conselho Estadual de Educação. Professor
Titular no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista –
UNESP."
No inteuito de subsidiar o trabalho do professor nessa fase incial o MinC em parceiria com a VALE criaram o projeto "Música na escola". Este projeto tem como objetivo a contribuição
para a instrumentalização de professores, em resposta à lei que
determina a obrigatoriedade do ensino musical nas escolas de ensino
básico. Oferece material para consulta e reflexão
para quem trabalha em sala de aula, por meio de propostas de conteúdos
programáticos para o ensino da música; textos inéditos e sugestões
práticas de exercícios, dinâmicas e processos a serem aplicados no dia a
dia, nos mais diferentes contextos, faixas etárias e regiões do nosso
país.
Um comentário:
Eu não sei... Lei que obriga, só isso já me arrepia. Lei que obriga música, já me dá vontade de chorar. Acho que a Escola pode matar a relação do aluno com a música. A escola tende a disciplinarizar um conteúdo, mas qual conteúdo?
Eu não sei, Paula. O nosso país é músical por natureza, obrigar a estudar música... Lembro de uma professora de música que tive e a aula dela era um terror para mim.
Assim como não adianta você saber muito matemática e não saber passar isso, creio que com música é a mesma coisa. Pode ser um tiro que sairá pela culatra.
Abraços sempre afetuosos.
Fábio.
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