Falando em histórias, me lembrei de como Madrinha estimulava nossa capacidade imaginativa. Às vezes, ficava horas sentada na área observando as nuvens e suas variadas formas de gente, bicho, e outras coisas... E sempre nos convidava a encontrar outras formas...Seus olhinhos brilhavam naquela mágica brincadeira que tanto contribuiu para minha imaginação. Hoje olho as nuvens e tento encontrá-la.
Estou sempre trabalhando com memórias. Descobri há algum tempo que gosto de tudo que ficou para trás. Tudo que já não existe mais, ou, se existe, é pouco valorizado e/ou colocado à margem. Gosto de músicas de décadas passadas, de filmes que todos já viram e não é mais novidade, de pessoas mais velhas, de fotos antigas, de histórias da infância, de a juventude dos meus pais e avós, e de como a vida era antes da percepção do mundo que tenho hoje. É, acho que sou uma nostálgica! Hoje minhas pesquisas literárias se embrenham pelas vias da memória, e cada vez mais fico fascinada...
Estou entre teoria e prosa como quem fica na junção de café e leite. Sou o novo líquido! Falando em café com leite, me lembrei da minha avó materna, Maria Francisca, uma senhora baixinha, branquinha, de cabelos branquinhos e muito boazinha...e que não conhecia dinheiro. Bem, ela ao cuidar dos netinhos sempre fez questão de alimentá-los com café-de-leite! Era cada "copão"! Apesar de alguns dos meus primos, os mais novos, terem a mordomia da big mamadeira, com um hiper furo no bico para que o líquido descesse mais rápido. Minha vozinha andou nos últimos tempos de vida a caducar. Penso eu, que ela resolveu fazer o que não podia durante toda a vida. Cortou o cabelo curtinho, falava besteira, pintava as unhas, e até resolveu depilar as pernas, coisa que nunca faria se estivesse em sã consciência. Eta falta de memória revolucionária!
Nós a chamávamos de madrinha Nenén. Confesso que houve um tempo em que eu andei meio chateada com ela, isso láaaaaaa na infância, pois cada dia aparecia com um novidade em remédios caseiros para tentar a minha cura física. Certa vez, ela conseguiu um óleo que depois de passado secava e deixava uma aparência de “caca” de vaca. Ela inventava, minha mãe passava e eu chorava....kkkk...mas com o tempo, ela desistiu...Aí que alívio!
Minha vó faz parte do emaranhado de imagens que compõem a minha memória. Na verdade, acho que todo meu interesse por essa temática é coisa dela. Suas histórias, sua vida, e minha saudade. Dela tenho muitas histórias que algum dia se transfigurarão
Paula Ivony Laranjeira
4 comentários:
Avós servem pra isto mesmo: trazer de volta um pouco da liberdade e inventividade que os pais são obrigados a destruir em nome da educação.
Eu não chego a ser nostálgico, mas gosto de tudo o que é bom, não importa de quando seja!
Abraço!
Paula, vc falando sobre a sua avozinha me fez recordar a minha. Que bom! Memórias que cooperam para reavivar outras memórias! Agradeço-lhe. Em suas lembranças, pude trazer a minha avó Gerosina de volta aos meus pensamentos, tão acostumados a materialidade da vida.Beijos.
Oie Paula! Obrigado pelas tuas palavras... Já sentia falta dos meus leitores... hehe
Beijo*
Sejamos saudosistas então. Saudosistas e nostálgicos. Sou assim também. Ademais... prefiro ser assim mesmo. O mundo de hoje tá tão terrível que eu prefiro viver das alegrias de um tempo mais inocente que nunca voltará.
Sobre vovó. Minha vó ainda é viva, e é uma destas vós sensacionais aí. Só que eu não ouço dizer isso a ela. Seja por vergonha ou sei lá o que. Só sinto que se eu falar alguma coisa para ela, ela vai acabar chorando e me mimando cada vez mais. Coisa que eu odeio (Em se tratando de família, talvez por ser filho caçula).
Direto do Rio.
Beijos moça do sorriso lindo.
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