Moro numa cidade pequena, daquelas em que velhos costumes, apesar dos novos tempos, ainda existem. Claro, que cada vez menos presente na vida das novas gerações. No entanto, reavivada por alguns amantes da terra e de seu legado.
Aqui ainda compramos fiado para pagar no mês seguinte, e a grande maioria dos comerciantes anotam numa velho caderninho as dividas dos clientes. Isso se chama confiança!
Aqui ainda ainda sentamos na calçada para conversar com o vizinho. Debatemos política, trocamos dicas, falamos da nossa vida e da vida alheia Pedimos e emprestamos algo. Isso se chama boa vizinhança!
Aqui as crianças ainda brincam soltas na rua. E podem ir sozinhas às casas dos amiguinhos para brincar, pois não há trânsito e nem risco de sequestro. Isso se chama de infância!
Aqui temos quintal de terra com plantas frutíferas. Temos o leiteiro na porta que vende para receber no final do mês. Temos temos procissão na festa da padroeira com crianças vestidas de anjo. Temos casais que namoram tranquilos no banco da praça sem medo da criminalidade. Temos café feito em coador de pano, torrado e moído em casa. Temos casas de farinha, onde a mandioca é descascada, moída e em família se transforma em farinha e tapioca. Temos carro de boi...benzedeira...costureira...bordadeira...vendedor de pamonha e muito mais.
Todavia, não pensem que vivemos desconectado da tal "modernidade". Aqui temos drogas, que vem de fora para virar a cabeça dos jovens. Temos roubos, gerado pela necessidade de acompanhar os lançamentos da moda: celular, tênis, roupa, etc.(Casos nem tão comuns que causam burburinho em toda a cidade). Temos gente que se tranca em casa vendo TV, e depois aplica em sua vida tudo aquilo que tal personagem faz. Temos Internet e celular por que, se antes, era possível viver sem, agora é impossível. Como se percebe, estamos "antenados". Isso se chama "globalização"!
Mas aqui há algo bem triste: Somos uma "cidadezinha qualquer". Mas não é qualquer cidadezinha que extrai a mesma quantidade de carvão vegetal que nós. Os rios raramente correm água. O calor cada vez mais nos sufoca. A chuva a cada ano diminui o fluxo. os animais sem casa, sem alimento, sem água...vão fugindo, morrendo, acabando...
Olhando tudo isso, fico com saudade do tempo dos meus pais. Tempos que nem vivi, mas que deixaram marcas em mim. Marcas tão profundas que vivo procurando na arte e nas histórias um pouco daquilo. Dia desses, recolhi estes retalhos de poesia e de música que agora se somam á confecção de uma colcha.
Todavia, não pensem que vivemos desconectado da tal "modernidade". Aqui temos drogas, que vem de fora para virar a cabeça dos jovens. Temos roubos, gerado pela necessidade de acompanhar os lançamentos da moda: celular, tênis, roupa, etc.(Casos nem tão comuns que causam burburinho em toda a cidade). Temos gente que se tranca em casa vendo TV, e depois aplica em sua vida tudo aquilo que tal personagem faz. Temos Internet e celular por que, se antes, era possível viver sem, agora é impossível. Como se percebe, estamos "antenados". Isso se chama "globalização"!
Mas aqui há algo bem triste: Somos uma "cidadezinha qualquer". Mas não é qualquer cidadezinha que extrai a mesma quantidade de carvão vegetal que nós. Os rios raramente correm água. O calor cada vez mais nos sufoca. A chuva a cada ano diminui o fluxo. os animais sem casa, sem alimento, sem água...vão fugindo, morrendo, acabando...
Olhando tudo isso, fico com saudade do tempo dos meus pais. Tempos que nem vivi, mas que deixaram marcas em mim. Marcas tão profundas que vivo procurando na arte e nas histórias um pouco daquilo. Dia desses, recolhi estes retalhos de poesia e de música que agora se somam á confecção de uma colcha.
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
- Carlos Drummond de Andrade -
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
- Carlos Drummond de Andrade -
-Godofredo Guedes-
Simplicidade
Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia
- Pato Fu -
Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia
- Pato Fu -
3 comentários:
Bela postagem, um texto de memória, ponte com poemas, muito bom. Bjo.
Moro atualmente num lugar pequeno e encontro vários pontos comuns em seu texto belo, reflexivo, tocante. E desaguando em bem escolhidos versos.
Sempre um prazer ler seus escritos, Paula.
Bjs e inté!
Oi, Paula, que texto lindo! Consegui me situar nesta cidadezinha gostosa de se viver. Não deixa de ser um sonho. Hoje não há mais vizinhos sentados nas calçadas, trocando idéias; não existem mais crianças brincando nas ruas; não existem mais leiteiros nas portas ou o padeiro entregando o pão fresquinho. E nem o caderninho do final do mês... Isso talvez exista muito longe dos grandes centros, onde ainda podemos conhecer gente com outros valores. Ganhamos com a globalização, mas perdemos muito em afetividade.
Beijos, amiga.
Tais luso
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