19 de fevereiro de 2012

Antônio Torres encantando o sertão


Encantamento. Este é o sentimento que ganhou pouso em todos aqueles que ouviram e/ou trocaram algumas palavras com o escritor Antonio Torres  no dia 8/2/2012 no auditório da UNEB, Campus VI na cidade de Caetité-BA.
Antônio Torres mais uma vez saiu de “sua” terra, o Rio de Janeiro percorrendo o caminho de volta para a Bahia, não mais para o Junco – atual Sátiro Dias e sua cidade natal –  mas para outros recantos do sertão: Caetité, mais conhecida como a “princesinha do sertão”.
O intuito da noite foi a aula inaugural do curso de pós-graduação daquele campus. O que tivemos ali foi além de uma palestra com pressupostos teóricos,  foi uma conversa gostosa, cheia de causos, poesia, um punhado de saberes de um velho sertanejo, e um pouco da sua experiência enquanto leitor. Ali despojou-se da capa de escritor e  como todo sertanejo buscou na memória suas vivências – literárias e pessoais – e passou adiante. Pena ter sido a noite tão curta. Ficaríamos ali longo tempo ouvindo aquele sertanejo.
 Apesar de seu livro mais conhecido abordar uma temática regionalista, ele escreve sobre o campo e a cidade com a mesma desenvoltura e brilhantismo, tanto que ganhou pelo conjunto da obra o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Creiam-me amigos, vale a pena ler e conhecer o trabalho deste adorável escritor.
Para esse encontro levei na bagagem de ida um exemplar de Essa Terra, seu romance mais conhecido e com maior número de traduções  para se assinado. Na bagagem de volta além de Menino, eu conto (presentinho do amigo Clédson)e Pelo fundo da agulha, todos assinados, trouxe um imenso carinho e admiração por aquele simpático e alegre “escrevedor” das coisas da gente.
Segue abaixo algumas fotos do Evento:







Consta na biblioteca autoral de Antônio Torres:

Um cão uivando para a lua - 1972
Os homens dos pés redondos - 1973
Essa terra - 1976
Carta ao bispo - 1979
Adeus, velho - 1981
Balada da infância perdida - 1986
Um táxi para Viena d’Áustria - 1991
O centro das nossas desatenções - 1996
O cachorro e o lobo - 1997
O circo no Brasil - 1998
Meninos, eu conto - 1999
Meu querido canibal ¾ 2000
Essa Terra (edição comemorativa de 25 anos) - 2001

O Nobre Sequestrador -  2003
Pelo Fundo da Agulha - 2006
Minu, o gato azul - 2007 (história para crianças)
Sobre pessoas - 2007 (crônicas, perfis e memórias)



Para saber mais sobre o autor: http://www.antoniotorres.com.br/vida&obra.htm

16 de fevereiro de 2012

Poucas cinzas...muita arte

“Terra seca,
terra quieta
 de noites imensas.
(Vento no olivial
vento na serra.)”

 É com este trecho do poema de Federico Garcia Lorca que o filme Poucas cinzas começa e termina. O filme conta um pouco da vida e da relação de três artistas: Federico Garcia Lorca (poeta e dramaturgo), Salvador Dalí (pintor) e Luis Buñuel (cineasta).
Quando Dalí adentra a universidade Garcia Lorca e Buñuel já fazem parte da elite estudantil e cultural, mas isso não impediu que se conhecessem e tivessem o trabalho admirado de forma recíproca. A amizade entre os três ganha nuances diferentes no decorrer do filme. Mas o foco recai sobre Garcia Lorca e Dalí para os quais a amizade é apenas um dos nomes que envolvem seu relacionamento já que Lorca, se apaixona por Dalí, ou melhor, a impressão é que é uma paixão mútua, porém Dalí não consegue de desvencilhar do sistema de ideias morais que regiam a sociedade. Dalí se afasta e posteriormente conhece Gala Éluard com quem se casa.
A história se passa na Espanha, depois da 1ª Guerra. Os três jovens estudantes, artistas e sonhadores se colocam contra o regime político vigente, especialmente Lorca, que deixa claro em sua obra a posição ideológica e política, que aliado a sua opção sexual o faz vitima fácil do regime político bem como dos conservadores da época.
Já Dalí, no alto do seu egocentrismo passa a viver só para si, deixando a política de lado. Sua obra reflete sua luta interior em busca de uma imagem definida de si mesmo. À medida que sua obra ganhava reconhecimento, seu ego inflava e seu espírito se afligia.
 Mas independente da posição ideológica que assumiram não há como negar quão grandes e magistrais foram estes artistas que nos legaram uma obra riquíssima. São três artistas, três opções artísticas que caminharam separadas, mas que em momentos distintos se cruzaram e configuraram matéria para o trabalho que realizaram. São três modalidades artísticas que se distanciam e se tocam a partir da relação de amizade, amor, ódio e aversão que unia Lorca, Dalí e Buñuel. 
È preciso dizer que encontrei o filme por acaso. E logo no primeiro momento veio o susto: Robert Pattinson, o vampiro “gato” e bonzinho da saga Crepúsculo aparece na pele de Salvador Dalí em uma interpretação bem mais interessante do que a que lhe deu fama como o vampiro Edward Cullen. Ele vem com um visual que não chamaria tanto a atenção das jovens e adolescentes apaixonadas. Talvez não agrade tanto, mais recomendo que assistam: pelo Pattinson que as conduzirá ao mundo de Dalí.
O filme é um livro de possibilidades que se abre. Nele somos conduzidos por um momento efervescente nas artes, na história e nos rumos sociais. Mas não pensem que irão encontrar tudo mastigado, pois Poucas Cinzas é apenas uma introdução. O que se descortinará depois é conosco. 


“Poesia é amargura,
mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas.”

Federico García Lorca


"Lembre-me quando você estiver na praia
e quando pintar coisas brilhantes, e poucas cinzas
Oh minhas poucas cinzas ! Coloque o meu nome no quadro
Pra que meu nome sirva pra algo no mundo ... " (G. Lorca F. para S. Dali)

15 de fevereiro de 2012

Conversa fiandeira com Marciano Vasques (Entrevista)


Numa conversa ao pé da roca, Marciano Vasques foi fiando e montado o novelo com o qual tece para encanto de crianças e adultos a sua literatura. Com textos publicados em vários jornais e suplementos literários,  idealizou e publicou o boletim literário Churros na década de 1980, possui ainda uma vasta produção em Literatura Infantil . Nesta entrevista vamos conhecer o “pai” do Rospo, esse homem que na infância teve o privilégio da leitura e ainda possuía uma mãe contadora de história. Hoje, Marciano transita entre as folhas de papel e as páginas do mundo virtual, com ideias firmes, ele contribui para o mundo das artes e encanta muitas crianças.


1-Quem é Marciano Vasques?
R= Um homem que foi um menino feliz, correndo entre eucaliptos e brincando na poeira das ruas. Senti os sintomas da poesia desde cedo. Pude contemplar a sua presença nas tardes de céu ameaçando chuva e nas manhãs de ventanias. Aprendi a embebedar a minha alma nos mistérios das noites enluaradas. Tenho uma força ativada em mim que interpreto como uma generosidade do tempo, pois a cada dia se torna mais polida, mais compreensível e reconfortante.

2-Embora saibamos que todo escritor nasce de um bom leitor – de livros e do mundo – gostaria de saber, a partir de sua experiência, como nasce o escritor.

R= Não uma expressão que seja comum. Cada um certamente tem a sua história, a sua “origem”. No meu caso o nascimento do escritor vem da infância, pelo privilégio da leitura. Na verdade, com seis anos aprendi a ler e devo isso ao Flash Gordon, ao Popeye, e naturalmente, ao “Espírito que anda”. Pelo fato de meu pai ser entregador de jornal para assinantes, desde bem menino aprendi a ler com as tiras. Vi as primeiras tiras tortas dos personagens do Maurício. Aquilo tudo sempre foi para mim um mundo fascinante. Depois, tive um outro privilégio. A minha educação caseira. Cresci numa casa de folclore. E minha mãe era uma contadora de histórias, que me fazia dormir com aqueles contos maravilhosos de meninos que se transformavam em lobisomens. Isso tudo contribuiu para o desenvolvimento sadio da minha imaginação, mas eu queria ser roteirista de histórias em quadrinhos, e me punha hora no quintal com graveto na terra desenhando mil capas de gibis.

3-Ao bisbilhotar seu blog, o internauta vai se deparar com vários títulos publicados por você. Apresente-nos alguns dos seus livros.

R=”A Cidade das Cantigas”— que se transformou numa peça de teatro aprovada pelo Ministério da Cultura, para 50 apresentações em diversas cidades; “Rufina”— que foi lançado no Memorial da América Latina, e hoje é uma personagem amada pelas crianças, “Duas Dezenas de Trava-Línguas”, —com brincadeiras com as palavras que fui inventando em Sala de Aula; “Uma Aventura Na Casa Azul”—que tem como tema a contadora de histórias e seu poder de encantamento; “Duas Dezenas de Meninos Num Poema”—retratando poeticamente o universo dos meninos.

4-Seu primeiro livro Estrelas locais, escrito 1984 é voltado para o público adulto. Após esta publicação, você ficou alguns anos sem publicar e depois voltou encantando as crianças com Literatura Infantil.  Por que esta reviravolta?
 

R=Curioso que quando eu cursava  Filosofia escrevi o meu primeiro livro para o público infantil, o “Assembleia das Palavras”. Escrevi nas viagens de Metrô. Quando fazia mestrado vi esse livro ir ao ar. Dessa forma, isso influenciou o rumo da minha literatura, e o fato de começar a trabalhar com crianças, pois até então, lecionava para adultos. Na verdade, após o lançamento do livro “Estrelas Locais”, fundei a publicação literária CHURROS, um esmero, para a época, sem os recursos que temos hoje a partir da chegada do computador em nossas vidas. CHURROS circulou alguns anos, e divulgou muitos poetas, sem jamais cobrar um centavo que seja, e sempre financiando a publicação com o meu salário, deixando de lado outras prioridades. Por esse período escrevi em jornais, de forma incessante. num diário de Minas, tive mais de trezentos artigos publicados. Ou seja, nunca parei. não publiquei livros. Também, durante um tempo me dediquei à vida acadêmica.

5-É possível dizer que o homem de 1984 foi se tornando o “Peter Pan” de 1997?
 
R= Na verdade, continuei escrevendo para adultos. Artigos em sites de Portugal e do Brasil. Artigos de Educação, Filosofia, Literatura. Mas nos livros, realmente a minha dedicação se voltou para as crianças. Tenho a clara convicção de que a literatura infantil deve se tornar protagonista em qualquer projeto de alfabetização. Sobre se tornar “Peter Pan” não creio ser exatamente isso. Na verdade,  sei que a criança é o nosso permanente estar no mundo. Ela nos resgata o tempo que vivemos, e nos causa a alegria de estar no mesmo tempo que o dela. Isso é fascinante. Um encanto. E está ainda cheio de gente que bate em crianças.

6-Como é escrever para criança?
 
R=Só tem uma palavra: alegria, em seu estado máximo de pureza. É uma fazer lúdico, mas que exige uma postura, uma responsabilidade exagerada. Um rigor ético sem igual. Penso assim.
 
7-Muitos escritores dizem que o gosto pelas narrativas foi nutrido durante a infância pelas histórias que ouviam dos mais velhos, em especial das mães e avós. Poderíamos incluir esta experiência em sua biografia ou outros motivadores?
 
R= Sim, claro, como eu disse, minha mãe era uma contadora de histórias. O mundo rico da imaginação e do encantamento entrou pelos poros da minha casa. Abrimos a janela logo cedo para o mundo entrar.

8-A Literatura Infantil, desde o momento em que surgiu, funciona como metodologia didática. Ainda hoje, você acredita que ela exerce tal função? Por quê?

R= Deverá ser sem dúvida protagonista num processo de alfabetização. Na verdade ela batiza o mundo na criança. A Literatura Infantil alfabetiza a criança para o mundo, e esse mundo emerge na imaginação. A criança através dela entra em contato, por exemplo,  com a melhor ética, que é a do soldadinho de chumbo. Ocorre que  a  Literatura Infantil protagonista e alfabetizadora dos signos linguísticos e também da alma em formação, não deve ser atrelada à Pedagogia, pois sua natureza é ser livre, ensinar sem o peso didático. Ser apenas ela, naturalmente livre.

9-No que se refere à seus livros, qual seria a intenção maior deles? algum tipo de didatismo ou intenção moralizadora?

R=Não. Tenho a clareza de que moral e ética são coisas diferentes. Quando a Literatura Infantil se impõe ou resvala para o lado moral, torna-se pesada, atrelada, preenchida por um didatismo que a empobrece. A ética deve ser o seu manancial. Sua riqueza está na riqueza ética que ela pode levar em suas páginas, de forma lúdica, prazerosa, tranquila, sem didatismo.
 
10- Acho que estou sendo muito curiosa, mas quais são os planos para o futuro? algum livro no forno?

R=Meu livro que será lançado na Bienal do Livro em Agosto é para mim desde o mais aguardado por mim. Fico feliz de pensar na editora que irá publicá-lo e na importância que ele terá em minha trajetória. Não é uma obra de Literatura Infantil. É para o público juvenil. Não vejo a hora. Outro acontecimento que me emociona é que a minha Peça Infantil “Na Ceia com Maria Tricota e Borbotono” terá 40 apresentações em São Paulo, a partir de Abril, e o grupo que está montando o espetáculo é um grupo maravilhoso, encantador.
 
11-Mudando de assunto... Como nasceu e qual o objetivo do blog A casa azul da literatura?

R= Eu quis ter uma casa no mundo virtual que representasse a minha alma, e onde eu poderia me abrigar e até me refugiar. E além disso, quis erguer um espaço de convivência de múltiplas linguagens , onde eu pudesse divulgar a literatura e a obra de outros artistas. Sempre fiz isso, assim é o meu coração. Fundei, além do CASA AZUL DA LITERATURA, o Casa Azul da Arte, onde passei a divulgar a arte e a pintura de artistas de várias regiões do mundo. E fiz isso sempre com o coração limpo e vibrando de alegria por fazê-lo, mas como não entendia a necessidade da autorização dos autores para divulgar as suas próprias criações, e passei por alguns aborrecimentos, isso tudo me fez refletir e praticamente perdi a vontade de continuar com o “Casa Azul da Arte”. Agora vejo no FaceBook uma coisa chamada “Compartilhar”. A vida é curiosa. Ainda com relação ao  CASA AZUL DA LITERATURA fiquei uns três meses indeciso para colocar o primeiro vídeo do YouTube, de música. Hoje compreendo que o blog quis e quer ver as pessoas felizes.

12-Além de literatura, A casa azul da literatura traz música, imagens de personalidades ligadas ao meio cultural. Esta é sua contribuição para o mundo das artes?

R=Sim, é uma extensão do que já fiz em jornais. Já divulguei muitos poetas, escritores, cantores. Sempre gostei disso, tem algo a ver com a forma como entendo “estar no mundo”.

13-Bem, não seria possível conversar com você e não mencionar “alguém” que gosto muito, o Rospo e consequentemente a Sapabela. Como nasceu tais personagens?

R=Rospo e Sapabela nasceram no jornal GAZETA PENHENSE, onde tiveram mais de trezentas histórias publicadas, depois foram para a RIOTOTAL, pois a Irene Serra se apaixonou por eles. São personagens que nasceram para a Literatura Infantil, mas aos poucos foram tomados por uma crescente complexidade, a ponto de hoje não mais serem considerados de Literatura Infantil. Sapabela simboliza a mulher antenada com o seu tempo, e Rospo, um resgate ético. Alguns leitores estranharam e não entenderam aquela “paquera” maliciosa entre os dois e aquela insistência no papinho do Rospo com o “vestidinho” da Sapabela, mas tudo não passa de uma jovialidade. Eles estão ligados no que é essencial, que é a alegria, a ética, e a leveza do ser. 

14-Além de A casa azul da literatura você tem outros blogs, um dos quais é a revista Palavra Fiandeira. Fale um pouco sobre este projeto.

R=PALAVRA FIANDEIRA é uma extensão do CHURROS, e dos artigos que escrevi em jornais divulgando os artistas. O Blog, que agora tem a sua versão em Revista Virtual, tem como objetivo original divulgar escritores, poetas e artistas.

15-Marciano Vasques, considerando as novas mídias, em especial a internet, você considera tudo isso positivo para o escritor e/ou literatura?
 
R=Sim, de um lado, pois a Internet, essa revolução maravilhosa na comunicação entre os povos, aproximou as pessoas e criou uma espécie de mundo paralelo. Para o escritor, representa hoje o que o correio representou no passado. Eu vejo como algo extremamente positivo, mas tem algumas questões: uma delas, é que um texto perdeu a sua história, a sua memória. Não tem mais os rabiscos, os esboços, não tem mais o histórico, a trajetória do texto. Errou, basta deletar. Hoje o texto nasce pronto, acabado.

16-Como você a literatura no século XXI?
 
R=Pulsa tranquilamente no corredor do texto curto, de 140 toques. Os romances continuam firmes e vigorosos. E não há quem resista a um bom livro.

17-É possível dizer que escritores demais no Brasil, especialmente depois da facilidade de se fazer conhecido pela internet? Ou leitores de menos?

R= Isso é ilusório. O tempo só preservará quem realmente for bom, ou seja, quem produzir uma literatura fecunda, consistente, e comprometida com os valores éticos que atravessam os tempos.

18- A palavra é sua...

R= Que a palavra seja sempre fiandeira.

ALGUNS LIVROS PUBLICADOS:
  • Estrelas Locais (Editora Oito de Março, SP, 1984)
  • Assembléia das Palavras (Editora Ave Maria, SP, 1997)
  • Contos, Poemas e Churros (Editora Marco Markovitch, SP, 1997)
  • Duas Dezenas de Meninos num Poema (Editora Paulus, SP, 1998)
  • Uma Dúzia e Meia de Bichinhos (Editora Atual, SP, 2000)
  • A Menina Que Esquecia de Levar a Fala Para a Escola (Noovha América Editora, SP, 2002)
  • Duas Dezenas de Trava-Línguas (Noovha América Editora, SP, 2002)
  • Caroline, Presente de Deus (Ita Editora, SP, 2003)
  • O Palácio dos Eucaliptos (Noovha América Editora, SP, 2003)
  • Encontro com Tatiana Belinky (Noovha América Editora, SP, 2004)
  • Espantalhos (Noovha América Editora, SP, 2004)
  • Griselma, a Bruxinha Assustada (Noovha América Editora, SP, 2004)
  • Rufina (Franco Editora, MG, 2004)
  • Uma Aventura na Casa Azul (Cortez Editora, SP, 2005)
  • A Cidade das Cantigas (Franco Editora, MG, 2006)
  • A Foca Sonhadora (Franco Editora, MG, 2007)
  • Arco-íris no Brejo (Editora Komedi, SP, 2007)
  • As Duas Borboletas (Franco Editora, MG, 2007)
  • Mistérios Para Nicole (Noovha América Editora, SP, 2007)