3 de dezembro de 2012

Laçamentos: Marco Haurélio e José Santos, Aleilton Fonseca, Marciano Vasques

Alguns amigos andam produzindo a todo vapor, e os livros ccomençam a sair do forno.Vejam alguns:




Marco Haurélio e José Santos, estão com novo livro,  o "Palmeirim de Inglaterra" (FTD), livre adaptação do romance de cavalaria escrito por Francisco de Morais no século XVI.

Nesta obra você conhece a história do cavaleiro andante Palmeirim de Inglaterra e seu irmão Floriano do Deserto, filhos da princesa Flérida e de Dom Duardos, herdeiro do trono inglês. A aventura começa quando Dom Duardos fica prisioneiro do gigante Dramusiando. Os dois irmãos vivem longe da mãe e só se reencontram depois de adultos. Seguindo caminhos diferentes, viajam à procura de Dom Duardos, sem saber que são irmãos.


Trecho:

Os cavaleiros andantes
Contra o mal moviam guerra,
Por isso são conhecidos
Nos quatro cantos da Terra,
Como aquele a quem chamavam
De Palmeirim de Inglaterra.

Palmeirim era um guerreiro
Que nunca enjeitou contenda,
Mediu forças com gigantes
E seres de face horrenda,
Por isso acabou entrando
Para os domínios da lenda.

Com sua possante espada
E uma brilhante armadura,
Cheio de brio e coragem,
Companheiro da aventura,
Tinha no seu coração
Lugar também pra ternura.

Só que essa história precisa
Ser contada do começo,
Falando dos personagens,
Sem cometer tropeço.
Qualquer descuido que seja
Vira o cordel pelo avesso.

Seu pai era Dom Duardos,
Herdeiro do trono inglês,
Genro de outro Palmeirim,
Que também, por sua vez,
Gravou seu nome na história
Pelas proezas que fez.

Filho do bom rei Fradique,
Senhor da coroa inglesa,
Dom Duardos se casou
Com Flérida, uma princesa,
Que era rival de Afrodite
Quando se fala em beleza.




FONSECA, Aleilton. O ARLEQUIM DA PAULICEIA - Imagens de São Paulo na Poesia de Mário de Andrade. São Paulo: Geração Editorial, 2012. 300 págs. ilustradas (fotos de Sâo Paulo antiga).



Passeando em Sampa com Mário de Andrade

 Um olhar apaixonado sobre uma obra apaixonada. O resultado são estas milhares de linhas/trilhos que conduzem o leitor aos bondes da São Paulo da garoa, aos lampiões a gás, levando-o a acompanhar sensorialmente a construção do Teatro Municipal, da Catedral da Sé, do Edifício Martinelli, ao lado de transeuntes de terno, gravata e chapéu no centro velho da cidade; mulheres à la française, à sombra dos primeiros arranha-céus, ouvindo os ruídos dos primeiros automóveis importados e o gemido cada vez mais rumoroso de uma Pauliceia que engatava marchas em direção a uma loucura que se desenhava e se redesenha até hoje. O que diria Mario de Andrade se visse a São Paulo atual do alto do Pico do Jaraguá, onde pedira, em testamento poético, que os seus olhos fossem sepultados?
Aleilton Fonseca disseca a obra e a alma do famoso escritor, acrescentando pontos de vistas surpreendentes. Se você nunca leu Mário de Andrade ficará com vontade de ler. E se já leu fará uma nova leitura, uma redescoberta. De maneira elegante, Aleilton se coloca em segundo plano para elevar Mário de Andrade à altura que ele merece. Os dois se merecem e se incorporam na busca de compartilhar o sentimento e a poesia com seus semelhantes. Mário, frisa o autor, “procurava incorporar-se ao coletivo, como forma de destruir em si o egoísmo das distinções particulares, despojando-se dos valores que o tornam um indivíduo só e solitário”.
Aleilton nos oferece uma prosa poética juntando fotos antigas da cidade a excertos da obra do modernista. Uma das fotografias mostra passageiros sentados de costas num bonde, talvez o mesmo em que Mário um dia se sentira sozinho ao escrever: “O bonde está cheio/De novo porém/Não sou mais ninguém”. Ao exprimir a cidade em versos, o poeta modernista procurou “domá-la, pô-la nas rédeas da linguagem, de novo humanizá-la, tornando-a inteligível, transparente ao sentimento humano”, acentua o autor, acrescentando que as críticas e os elogios do poeta a São Paulo são puros atos de amor.
Pegue o bonde, então, caro leitor, e vai conversando com Aleilton Fonseca e Mário de Andrade. Não se assuste se você vir passar um veloz Metrô ao largo. Compare as duas metrópoles, mas volte para o presente. Pode doer. Volte devagarinho. 

Jaime Pereira da Silva (Jornalista)

                                                                             




Marciano Vasques vem nas asas de O voo de Pégaso e outros mitos gregos. Volta e meia, 108 p.


A mitologia greco-romana é um patrimônio cultural da humanidade. Mesmo que os antigos deuses não sejam mais cultuados, sua presença na literatura e nas artes será sempre motivo de inspiração para os artistas. E os heróis e heroínas, que desafiavam destinos injustos e pagavam um alto preço? Estão presentes na tradição oral de muitos povos. Basta lermos com atenção a lenda de Eros e Psiquê para notarmos que se trata da versão escrita mais antiga do conto popular A bela e a fera. E o voo de Pégaso não simboliza, em qualquer época, a inspiração poética? Dez dos mais belos relatos da mitologia clássica foram recontados por Marciano Vasques e reunidos neste livro. Viaje, você também, nas aventuras de heróis que tentam desafiar o próprio destino em um mundo em que os deuses, muitas vezes, pecavam por excesso de humanidade.








1 de novembro de 2012

BICICLOTECA: leitura que roda


Hoje conheci o projeto Bicicloteca. Fiquei encantada e gostaria de partilhar com vocês. A seguir um pouco da história. E aqui o site para que outros detalhes possam ser conhecidos (AQUI).

Enquanto um violonista toca  “Jesus Alegria dos Homens”, um jovem morador de rua, examina  um livro contendo a relação de espécimes raras de pássaros encostado na “Bicicloteca” um híbrido de Bicicleta e biblioteca que costuma circular pelas praças da cidade,  o rapaz de cerca de 30 anos,  parece surpreso em reconhecer aves raras que habitam as praças da sexta  maior metrópole do Mundo.
A Bicicloteca é um movimento independente que nasceu mais ou menos ao mesmo tempo em várias partes do mundo, mas com uma coisa em comum, chegar onde a Biblioteca pública não chega, ou não é acessível para uma grande  parte da população  que não tem onde morar,  sem  um endereço fixo, não é possível conseguir um livro numa biblioteca Pública. Mas a Bicicloteca de São Paulo tem uma função nova, recuperar a auto-estima de pessoas em situação de rua, este tipo de gente , mora em comunidades, abrigos, cortiços, pensões  e por uma tragédia qualquer, acabaram tendo que viver nas ruas.  No Brasil, o morador de rua, não recebe nenhum subsídio do governo, não recebe atendimento adequando que possa recuperá-lo e reinseri-las na comunidade, conseguir trabalho e educação.  É aí que entra nosso personagem, o Robson Mendonça. Encontrei o Robson Mendonça durante um passeio de bicicleta com o Prefeito  Sam Adams da Cidade de Portland,  que estava em São Paulo para reunião da C-40,  presidido pelo Prefeito Michael Bloomberg e o Ex-Presidente dos EUA  Bill Clinton , e também com o Secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge. Após o passeio,  acompanhei o Secretário do Meio Ambiente até a Biblioteca Pública, no centro da cidade de São Paulo,  haveria ali um evento simbólico de plantio de árvore, nesta ocasião, encontramos o Sr.  Mendonça com uma Mochila nas costa, cheia de livros, entregando um  livro para cada morador de rua, ele nos disse que o sonho dele era conseguir um veículo para entregar maior quantidade de livros aos moradores de rua. Intrigados, queríamos saber porque ele entrega livros para Moradores de rua? A resposta foi,  “Eu aprendi a ler na época que eu também era morador de rua”, ele conseguiu sair das ruas, depois de ter lido o  Livro “A revolução do Bichos” de George Orwell.

21 de setembro de 2012

O poder humanizador da poesia, por Adélia Prado

Nada mais belo quando a poesia e a vida torna-se tão íntimas que não é possível disssociar uma da outra. No programa Sempre um papo, da TV Câmara, Adélia Prado emociona e comove ao falar de poesia, da vida e ao declamar, sensivelment, algumas poesias. No final ela encerra dizendo: "No céu os militantes, os padecentes, e os triufantes seremos só amantes". Recomendo a quem goste ou não de literatura que reserve um tempo para assistir esse vídeo. Vale a pena!




29 de agosto de 2012

Notas sobre um poliptico




Ocupo-me nesse políptico (oito quadros) das questões do tátil e do háptico. O suporte é de madeira, aquelas tábuas de pinho para obras. São diversos os comprimentos, de 40 cm a 60cm, e a altura uma só, 30cm. Não tratei a madeira. Deixei-a crua, com as marcas dos veios e das nódoas. Em uma parte pintei um colorido no qual se manifesta o cinza sempiterno. Na outra uma cor, um
rosa, por exemplo, não me importando em relacionar as duas pelos princípios de proporcionalidade que se dá às formas, ou seja, aqueles princípios vasarianos. Lidei, portanto com os valores táteis do suporte, que fica bem evidente que é um pedaço de uma tábua. Apesar de pintadas vê-se que é madeira não tratada para outro fim senão o de servir para armação de concretagem em obras de construção. A pintura em rosa não vela os veios e as nódoas. As laterais não foram pintadas, nelas percebe-se a madeira. Mas a cor pintada chapada nos leva ao conceito de cor abstrata substantiva, em apenas duas dimensões, e assim os valores hápticos se manifestam.


Vou continuar estudando essas questões que se tornaram possíveis quando defini a cor abstrata substantiva e concreta adjetiva. A primeira é uma idéia platônica e está ligada à linguagem verbal, tem somente duas dimensões e é fixa na sua coloração. A concreta adjetiva é multidimensional, e está sempre se rompendo por ação de sua oposta ou por contraste com outras cores e sua condição é ser no colorido. Uma é interna e atemporal e a outra externa e temporal.

José maria Dias da Cruz - Agosto de 2012